14 de fevereiro de 2017

Os 87 anos de Dona Salma, mãe minha

Em encontro recente, o professor Vicente Piazza me contou que a então noiva Claudete, lá no final dos anos 1960, pediu para ele que não queria morar em local com terra vermelha e ele escondeu que Campo Mourão, local que escolheu para lecionar e onde foi o primeiro professor de educação física formado em faculdade que por aqui atuou, era a capital mundial dos pés-vermelhos. Casados e bem sucedidos desde então, o casal reside atualmente em Cascavel, mas vive por aqui matando a saudade da filha, netos e, claro, dessa amada e rica terra.

Ao ouvir o professor contando essa passagem lembrei de uma com meus pais, ocorrida muito antes disso, em 1958, logo que por aqui se instalaram. 

Sallime João Abraão de Lima (Dona Salma)

Dona Salma e a mana Satuti (in memorian)
Recém casados, Dona Sallime, que todos chamam de Salma, e o seu Irineu, também conhecido como Caxinha, se mudaram para Campo Mourão, onde meu pai já vinha com certa frequência, transportando madeira para todo o Brasil, e que apostou como um local de futuro para sua vida profissional e para formar uma família.

Como vieram juntos com toda a família de meu pai, na primeira viagem a negócios dele, para Campina da Lagoa, onde ele carregaria uma nova carga de madeira, minha mãe não perdeu a oportunidade de acompanhá-lo e conhecer um pouco mais dessa parte do Paraná, com suas terras vermelhas ainda sendo desbravadas, ela que vinha da rica região de Presidente Prudente. 

Seu Irineu, Dona Salma e Eu - 1962
No então distrito de Goioerê, enquanto o caminhão era carregado, meu pai e minha mãe procuraram um restaurante para a refeição do meio-dia e o melhor local era o de um hotel. Lá, ela precisou usar o banheiro e o dono do restaurante apontou um casinha de madeira que ficava nos fundos. Uma construção de madeira, erguida uns dois ou três metros de altura para corrigir a irregularidade do terreno. 

Assustada com a precaridade do lugar, mas com a necessidade fisiológica apertando, ela superou seus medos e sentou na precária privada. Mas o medo voltou aos escutar barulhos abaixo dela. Para seu espanto, percebeu porcos circulando por ali e deles, claro, é que partiam os grunhidos. 

Refeita, voltou ao restaurante, mas logo se levantou e partiu dali arrastando meu pai sem deixá-lo experimentar o principal prato do restaurante: carne suína. 

Dona Salma, Seu Irineu e os cinco filhos

Neste 14 de fevereiro minha mãe comemora seus 87 anos e, claro, desejo muitos e muitos anos de vida, sempre com muita saúde paz e amor dos filhos (5), netos (9) e bisnetos (4). 

Nenhum comentário: